sábado, 21 de novembro de 2009

Liberdades?

Tava lendo um fórum na internet, quando me deparei com um vídeo com data de 1994, mostrando parte de um show da banda Raimundos, no auge do seu sucesso e qualidade. Tudo muito bonito(?), tudo muito barulhento, até que me deparo com uma chamativa bandeira branca, que exibia uma folha de cannabis sativa. Mas não foi isso que me incomodou, e sim o fato de eu ter ficado chocado com a bandeira.

Me pergunto se somos mesmo tão evoluídos. Democracia, tecnologias avançadas, liberdade de pensamento, amor e outras, será isso tudo verdade? Me parece que há quinze anos atrás éramos mais livres do que somos agora. Não sei se devo entrar no mérito de ser melhor ou não, mas parecia ser.

Também não sei até que ponto isso vai da liberdade dada e da liberdade exigida. Quantas bandas, com grande exposição na mídia, teriam a ousadia dos Raimundos nos dias de hoje? Duvido que metade de uma. Parece importar muito mais para que lado a franja vai cair ou até que parte da barriga a sua baby look vai exibir do que aquilo que devia realmente importar.

A sociedade brasileira atual é extremamente hipócrita. Todos adoram falar na beleza da liberdade de expressão conseguida com muita luta; em como estamos melhorando intelectualmente; virou moda se importar com os necessitados.

Mas ao mesmo tempo, tem que se tomar cuidado com tudo que é dito para não ser processado. A roupa que a pessoa usa pode ser agressiva para alguém. Fazer algo prático para melhorar a situação de alguém que mora na rua é perda de tempo. E, finalmente, o caso das inúmeras leis anti-fumo que borbulham por esse Brasilzão lindo. Não é o meu intuito defender os mal educados que jogam fumaça na cara das outras pessoas, cigarro no meio da rua e coisas do tipo. Mas mal educados existem em tudo que é parte e não proibimos tudo. Não proibimos bicicletas e carros nas ruas, torcedores de futebol (embora isso esteja mudando), gerentes, piás ranhentos... A solução é proibir tudo? Voltemos à ditadura então.

A sociedade brasileira precisa de uma revolução, uma verdadeira revolução, englobando todo o país e mudando muitos conceitos. Ou então não vejo muita coisa boa em sermos, no futuro, uma das maiores potências do mundo. Lá vai uma 'Nação estadunidense - O Retorno' saindo do forno, bem quentinha!

sábado, 8 de agosto de 2009

Importância

Saudade devastadora do pai. Saudade de quem ficou e de mais algumas coisas da tua cidade. Mas o mais intenso, a vontade de querer dar aquele abraço nele, aquele cara que sempre esteve lá por ti. Naquele que ajudou a 'te fazer', seja no sentido de ajudar a gerar a gravidez, seja no sentido de personalidade; que escolheu - sabiamente - o teu time de futebol por ti. Aquele que sabe o que tu sente mesmo a mais de mil quilômetros e sem tu falar para ele o que está passando pela tua cabeça.
Preocupação com alguém que está indo. Não tanto por estar indo, mas pelo sofrimento que essa pessoa tá passando antes de ir. Querer que ela tenha os momentos mais agradáveis possíveis.
Poder conviver de novo com a tua mãe, o teu irmão mais novo e até conviver com o teu padrasto, já que ele é uma pessoa incrível e foge da figura tradicional de padrasto. Aproveitar cada momento dessa oportunidade, poder dar um abraço forte e um beijo sempre que possível. Sair mesmo que seja pra uma indiada do lado de uma igreja evangélica cheia de gritarias.
A falta daquele teu time do coração no começo do post citado. De ir aos seus jogos, mesmo que fosse pra ver derrotas. Ainda que fosse pra ir na Social e não na nata da sociedade. Saber o dia-a-dia dele com facilidade, e não catando informações na rede.
Não vou falar em casos amorosos, porque aí sairia outro post e que não caberia aqui para todo mundo ler. Mas a questão é que, perto dessas coisas que eu falei, no momento, o resto é mínimo; praticamente sem importância. E como poderia ter, perante a intensidade de tudo que eu citei?
Para não perder o costume, emancipate yourselves from mental slavery, none but ourselves can free our minds.

domingo, 26 de julho de 2009

Diferenças.

Um dia eu vou compreender o problema que as mulheres tem com a cerveja, mesmo as que a bebem. Na verdade, o problema que elas tem com a relação entre homem-cerveja, já que fazem de tudo para aguar tal relação.
Por que tudo isso? Ora, esta tarde teve um belo jogo do Grêmio, naturalmente vencido pelo mesmo, e durante tal jogo eu ingeri algumas cervejinhas. Não é que a minha mãe pediu para eu enxaguar as garrafas? O quê que é isso? Não se passa água nem nada nas garrafas, não as de cerveja. Essas belas garrafas são utilizadas e gentilmente - ou não - colocadas de volta no engradado de cerveja. "Ah mas as baratas", não! As baratas não gostavam de refrigerante, mais especificamente coca cola?
Ainda sobre a cerveja, uma revelação irrelevante mas interessante sobre a minha pessoa. Eu, relativamente conhecido por apreciar uma boa cerveja, quando mais novo era decidido a não tomar cerveja. Quando era criança eu não gostava de como algumas pessoas reagiam à influencia da cerveja e prometi a mim mesmo que não beberia tal líquido.
Exemplar, devem estar pensando aqueles que desconheciam o fato de que com dezesseis anos eu não bebia cerveja, mas bebia cachaça, vodka, uísque, tequila, enfim, tudo o que não era cerveja. Irônico, han?
Passado o desabafo, comunico que, agora que vim morar em Mambucaba-Paraty-RJ, tentarei uma espécie de diário do forasteiro, escrevendo sempre que me acontecer alguma coisa com a qual não estava acostumado no meu belo Rio Grande do Sul.
Enfim, veja, beba, tente e queira.

sábado, 25 de abril de 2009

Che, que tal?

Depois de duas semanas de atraso com relação a outras capitais do país, lá estava eu na estreia de Che. No som do cinema, muita música cubana; Compay Segundo, Ibrahim Ferrer, enfim, a nata musical da ilha. Em cada lado, a minha frente e atrás, acomodaram-se casais, o que achei que seria um mau presságio, pois os casais sempre inventam de fazer comentários durante os filmes, coisa que muito me irrita e me desconcentra.
Começando o filme, achei que o mau presságio se confirmaria. O filme começou devagar, sem falar no hiato existente, para quem assistiu a Diários de Motocicleta, entre a saída de Guevara do Peru e as atividades subversivas dele no México – mas tudo bem, era quase nada, só mulher, filho, participação em um governo revolucionário e bobagens do tipo. Porém, perto dos vinte minutos de película, a história engrena. E aí, meu amigo, só vai.
É retratado o já conhecido problema do Che com a sua asma crônica. Mas surgem também novidades: a sua paixão pela revolução, a retidão com que ele age com tudo e todos, a verdadeira crença de que os fuzilamentos são totalmente justificáveis. Aparece até a famosa ironia e sarcasmo argentinos.
Dos personagens coadjuvantes, se é que é possível afirmar isso, achei a voz do Fidel fina demais para ser dele. O Raul eu achei magro e alto demais, pois sempre vi retratos dele baixinho, gordinho e com rosto semelhante ao de um rato. Aleida é simplesmente igual, sendo que até estrábica é. E, por fim, aquele que rouba a cena tanto no filme, quanto roubava em vida: Camilo Cienfuegos! Sempre que aparece, ofusca os outros com seu humor escrachado e a sua aparente despreocupação. Ao mesmo tempo, demonstra muita presença e importância para a guerrilha. Enfim, é o Cienfuegos.
Como imagino que eu tenha transparecido, fui ver o filme com mil fuzis nas mãos. Mas confesso que mesmo assim fui rendido por um ótimo filme, com boas atuações e bom ritmo, no fim das contas. Agora aguardo pelo segundo, para ver se mostrarão as coisas como foram, a desilusão do Ernesto com o Fidel e/ou regime cubano; se mostram como ele se equivocou na Argélia e na Bolívia, como foi enganado e caçado de maneira selvagem ainda na Bolívia; e, o que parece ser a única certeza para o segundo filme, o desenrolar do romance dele com Aleida March. Pelo menos, para o segundo filme, não irei tão ressabiado. Vou apenas com quinhentos fuzis.

sábado, 11 de abril de 2009

Duas garrafas de vinho, um maço de cigarros e idealismo. Baratos.

Uma guria que entenda o que tu quer dizer sem que seja preciso repetir ou não falar nas entrelinhas. Que seja inteligente; engraçada; bonita; goste de ti como tu és; goste de literatura. Que respeite as tuas paixões, independente do quão incompreensíveis elas sejam. Que entenda a tua relação com a tua família, seja ela muito conturbada ou tranquila. Uma guria que não te trate como uma opção, mas como prioridade. Que te procure quando precisa conversar com alguém ou simplesmente porque está se sentindo solitária. Uma guria que quebre as regras, de vez em quando. Que queira ficar bonita para ti e que reclame quando tu não dá tempo para que ela tente isso. Que te tire o fôlego, sempre que tu vê ela. Uma guria que seja parceira para as tuas piores programações, que são notoriamente um fracasso, mas que tu naturalmente acha genial. Uma guria que não se importe que tu vá a barzinhos com os amigos, beber e conversar. Que saia com as amigas para ir em barzinhos, beber e conversar. Uma guria que respeite a tua mãe - querer uma boa relação é demais (e também perigoso). Uma guria que respeite teus vícios. Que tenha vícios. Uma guria que goste de cachorros. Que não tenha (muitos) gatos. Que não fale em ou não tenha ex-namorado. Uma guria que te procure para desabafar. Que escute teus desabafos de fato e opine a respeito. Que te apoie no rumo que tu der para tua vida, seja esse rumo ser um rico advogado ou um hippie alternativo. Uma guria que entenda uma eventual crise financeira pessoal. Uma guria que, quando tu pode, deixe tu pagar a conta. Uma guria com a sensibilidade de perceber quando tu estás mal de grana e não te deixe sequer considerar pagar tudo. Uma guria que veja um filme sangrento contigo. Que faça um filme mela cueca se tornar um dos mais interessantes que tu 'viu' nos últimos tempos. Uma guria que largue a novela, pelo menos uma vez, só pra caminhar e conversar contigo pelo teu bairro. Que discuta com a mãe para ficar uns minutos a mais acordada e conversando contigo. Uma guria que ao menos queira saber quando vocês se conheceram, mesmo que o álcool e outros excessos tenham prejudicado a tua memória e tu não tenhas certeza sequer do ano. Uma guria que não gosta de te ver bêbado, mas te incentiva a te embebedar só para que tu largue o teu jeito durão de ser e fique se declarando para ela de maneira não antes imaginável. Uma guria que, por mais que não goste do gênero, acabe gostando da música só porque a música te faz lembrar dela quando tu a escuta. Uma guria que vá jantar contigo em um restaurante decente. Uma guria que vá comer um cachorro quente da República contigo, enquanto tu mal te mantem em pé. Uma guria que queira saber a tua opinião antes de tomar uma decisão importante, mesmo que o que tu acha não vá mudar o que ela pensa.
Se tu, meu amigo, achar uma guria com esses requisitos, ou com a maioria deles... Dê valor e não a deixe escapar.
Um bom feriado a todos os que o merecerem e desculpem eventuais erros, mas duas garrafas de vinho, por mais baratas que sejam, afetam reflexos e raciocínio de qualquer pessoa.

terça-feira, 31 de março de 2009

Otimismo.

Me perguntam por que sou tão pessimista. Vamos dar uma olhada no site do jornal mais conceituado do estado:

Miss Universo se diverte em Guantánamo
Visitas de celebridades fazem parte de um projeto para animar os soldados que prestam serviço ao país


(puxa, os presos devem ter se divertido muito mais!)


Pato sonha em marcar
gol pelo Brasil no Beira-Rio

Torcedoras viajam 60km para encontrar Pato e Kaká
Jogadores do Milan são os preferidos pelas mulheres que frequentam o hotel da Seleção


(É pra eu sentir vergonha alheia ou só pra me irritar mesmo?)


VÍDEO: torcedor se veste de verde e amarelo e faz plantão na entrada do hotel
Noé Fernandes foi ao aeroporto no início da madrugada para tentar ver seus ídolos


(não vou me dar o trabalho, repito o comentário anterior)



VÍDEO: com que roupa
você vai ao jogo do Brasil?


(primeiro: quem vai ao jogo do Brasil ainda? segundo: quem se preocupa com que roupa vai em um jogo de futebol??? pelamor, é jogo de futebol ou aquele evento do shopping da zona nobre da cidade?)



Gabriel García Márquez não voltará a escrever, diz agente literária
No mês passado, durante a Feira do Livro de Guadalajara, escritor chegou a declarar que "escrever livros dá trabalho"


(pronto, só isso bastaria pra acabar com a noite!)



Só notícias interessantes ou boas, sensacional. Mas enfim, felicidade, minha gente! Vamos socar o Peruduplosentidooi?.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Gregório Beheregaray, 3510

Vez que outra, vejo uma foto, escuto uma música ou qualquer outro acontecimento aparentemente corriqueiro e me lembro da minha infância na casa da minha vó. Acho que todo mundo já ouviu a história de que guri criado pela avó vira viado. Deve ser folclore nacional, quiçá mundial. Mas as pessoas pensam isso por não terem conhecido minha avó materna, a senhora Ramona, Dona Cota pra quem trocar meia dúzia de palavras com ela.
Não que ela seja má. Não sempre, pelo menos. Mas ela tem uma personalidade um tanto quanto... áspera, por assim dizer. Ela tinha seus momentos de vó bondosa, fazendo um pão caseiro servido com café com leite que era incomparável. Mas ela também sempre soube ser severa. Muito severa, diga-se de passagem.
Naturalmente, de maneira alguma isso fez com que eu fosse uma criança mais comportada. Parecia ser pior, quanto mais laço de cinto eu levava, mais eu aprontava. E, juro, não era provocação! Mas, é isso que as crianças fazem, não é? Cair de árvores, levar pedradas, dar cambalhotas montando uma bicicleta emprestada, perder metade dos dentes da frente caindo de um muro; enfim, essas coisas que uma criança saudável faz.
Falo sobre tudo isso porque parece que caiu a ficha de que vivo uma nova era e sou obrigado a cair no clichê ao pensar nisso tudo. Eu era extremamente feliz e não sabia. Agora checa-se e-mail do trabalho durante a comemoração, in loco, da conquista de um título do teu time do coração. Só se ouve e lê a expressão punk em dicas de moda. Sertanejo, pagode e Ivetão, juntos, são as principais atrações do Planeta Atlântida. Bons tempos aqueles da Gregório Beheregaray, do Rivarola, de Ramones nas rádios e Raimundos no Planeta.

Incômodo

Receber a notícia de que um familiar próximo está com uma doença terminal é algo que não pode ser descrito com palavras, acredito. Pelo menos não com poucas palavras. Seria preciso um livro, talvez uma trilogia e ainda assim faltariam coisas. Mas, obviamente, tal fato traz consigo inúmeros outros fatos menores que são muito incômodos.

Uma das coisas que mais me incomoda são as visitas. Aquelas pessoas que não falam com a pessoa em questão há anos, mas ao saber da doença, resolve fazer uma inocente visita. Podem argumentar que querem dar conforto para o doente, coisas do tipo. Isso não me convence.

Acredito que não passe de um exercício para garantir o próprio bem estar futuro. Para não ficar com um peso na consciência, ao receber a notícia de que acabou o sofrimento, por não ter dado mais atenção para a pessoa enquanto ela era vívida, fazem a tal visita achando que isso melhorará tudo. A grande hipocrisia da sociedade. Ou simplesmente do ser humano.

Talvez seja mero mau humor meu, coisa de velho ranzinza, mas não consigo pensar outra coisa. Não consigo não me incomodar. Por essas e outras que prefro, na maioria das vezes, evitar as conveniências e seguir minha própria consciência. E ainda assim, não posso deixar de pensar que me irrito tanto com isso pra poder me ocupar só com esse fato menor, em vez de pensar no principal fato...